Contos sem fim – A escolhida.
(abr/2014)
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Não sei como me veio à cabeça essa história, mas apareceu.
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Em passeio pelo calçadão de Copacabana, numa manhã de
domingo de verão ensolarado, me deparei ao longe com um mendigo devidamente
encasacado, enchapelado, barbudo, sentado em um dos bancos com toda a pinta a
pinta de ainda não ter se recuperado da carraspana da véspera.
Conforme ia me aproximando – agora lentamente - reparava que
prestava atenção em todas as mulheres que passavam a sua frente. A cada uma delas
meneava a cabeça em aprovação ou desaprovação. Chegava a fazer aquele gesto
passando a mão em frente ao rosto como se espantasse uma mosca quando se
deparava com algum canhão.
Ao ver uma daquelas mulatas do Lan se aproximando, bem
provida de carnes nos devidos lugares, num biquíni sumário levantou-se e
começou a aplaudir. Quando passou bem defronte a ele disse algo que fez a
mulher sacudir a bolsa em sua direção, xingando-o, batendo com toda disposição.
Corri em direção aos dois para evitar maiores estragos e
perguntei o que houve.
“Ele me agrediu verbalmente. Disse que eu seria a razão das
punhetas dele nessa noite! Canalha! Grosso! Bêbado!”
Não me contive e lhe disse baixinho: “Você deveria estar
feliz, orgulhosa. Com tanta mulher boa passando por aqui ele poderia ter
escolhido qualquer uma, mas preferiu você para as suas punhetas.”
Se não fosse rápido, também teria entrado na porrada.
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