Contos sem fim – Nenenzinho
(18-03-14)
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Irritante aquela imitação de criança falando. Com um
negocinho na boca o indivíduo passava os fins de semana defronte à minha janela
vendendo aquela porcaria.
“Ai mamãezinha, me dá um beijinho... Ai, ai, ai...”
E outras besteiras que não entendia.
Hoje, passando pela Av. Copacabana, me deparei com aquele
som inesquecível. Vinha do outro lado da rua. Não esperei chegar ao sinal.
Atravessei ali mesmo.
O indivíduo estava encostado em um poste fazendo as suas
gracinhas ininteligíveis.
Disse que queria comprar. Dez pratas. Achei caro, mas não
regateei. Me ensinou como usar. Aprendi logo.
E fui usando imediatamente, falando ao ouvido do
circunstante:
“Seu filho da puta... Vê se gosta... a mamãezinha vai te
acordar todos os dias com essa merda no seu ouvido...”
“Não foge não!”
Corri atrás do energúmeno, até que ele atravessou a rua
entre carros e ônibus e sumiu na paisagem.
Joguei no chão o instrumento de tortura e pisei. Ao menos
aquele não encheria o saco de ninguém.
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