CONTOS DE FADAS ESQUECIDOS
*A Fadinha do Dente
(Jan16)
Era uma vez uma fadinha bem fubidinha. Aprontou de tudo e
acabou viciada em crack ao se apaixonar por um personagem de Grimm que não
existia na vida irreal. Tal qual Sininho também queria um Peter Pan.
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No Programa de 12 Passos cumpriu uns quatro ou cinco -
quando achou que precisaria, no mínimo, de uns duzentos - e se deu alta para se
candidatar ao cargo de “Fada do Dente”.
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Estava meio caidinha, mas mantinha um corpinho enxuto,
típico de fadinha, e o seu farfalhar de asas tinha um zumbido agradável,
calmante. Com umas sainhas - menos Sininho -, mais discretas e um corte de
cabelos a la Audrey Hepburn, estava pronta pra assumir. Ao menos como interina.
Passaram-se os dias (ou anos, ou séculos, sabe-se lá como é
a contagem de tempo no Mundo da Fantasia) e a burocracia instaurou-se na
Fadolândia. Para contornar os entraves decidiram terceirizar alguns dos
serviços. A população infantil havia crescido assustadoramente, mas os ingênuos
continuavam poucos. Sobravam os interesseiros. O número de Fadas estatutárias
já não era suficiente para dar conta do recado.
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Novos tempos, novas ideias, novas tecnologias, MBAs e coisa
e tal.
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As Fadas Madrinha se aposentando, compulsoriamente, até que
um gênio tipo Steve Jobs resolve implantar o “Plano Odontológico Familiar
FADAMED”. Seu lema: “Do dente de leite ao implante você pode contar com a
FADAMED. A fantasia ao alcance de toda a família, do neném à vovó.”
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E fadinhas e velhinhos viveram felizes para sempre, com seus
sorrisos Kolynos.
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