Wednesday, December 02, 2015

Contos sem fim - Sonhadelo



Contos sem fim - Sonhadelo
Jul 14

Acordei no meio da noite com uma notícia em sonho: Brasil tinha ganho a Copa e, por isso, estava sendo invadido. Ouvia-se, ao longe, o som do rastro dos mísseis e as explosões assustadoras.
Então senti uma voz ao meu ouvido me contando. Achei que tinha acordado.

“Não era um dia qualquer, como qualquer dia, um dia como um outro qualquer dia.
Era um dia Dia.
O Sol nasceu no mesmo lugar, na hora aprazada, não lembro se o tempo estava nublado, mas já sabia que não seria um dia comum.
Véspera de decisão de Copa dos Mundos, todos respiravam o dia seguinte. As apostas online derrubavam todos os servidores, backbones não davam conta, e as cotações variavam a cada minuto para um lado ou para outro. Tudo parado, aguardando. O comércio vivia paradoxos: ou vendia tudo ou nada. Engarrafamento mundial.
Chororôs, risos, xingamentos, brigas...
Estádio ainda às escuras aguardando seu momento de glória.
Mas esse não era um dia comum, como um dia qualquer. Era véspera e, como toda véspera, há a expectativa do dia seguinte.
Ainda não passava do meio dia quando as emissoras de rádio e TV informaram que uma explosão solar de classe X5 estava desencadeando uma tempestade nunca registrada, de dimensões e conseqüências imprevisíveis. A única coisa já prevista, pelo cálculo de sua velocidade fantástica, coisa de ficção científica que nem um Discovery Channel seria capaz de propor, é a sua chegada hoje.
Não era um dia qualquer.
A proximidade de uma catástrofe, ou sabe-se lá o que, deixava dúvidas quanto a decisão da Copa. Sem transmissão pelas TVs os prejuízos seriam incalculáveis. E se, além dos problemas de comunicação já previstos, os danos fossem maiores? Bagunçar redes de computadores, redes bancárias, interferência na navegação aérea, nos satélites não tripulados e, principalmente, nos tripulados e otras cositas más que não me vêm à cabeça?
Não. Esse não é um dia qualquer, qualquer dia.
E o hino tão exaustivamente ensaiado na sua improvisação à capaella? Como ficaria?
Parecia um ato terrorista, um golpe baixo para que não houvesse decisão na Copa.  Todos compraram todos. Todos compraram os mesmos que se venderam para ambos os lados. Sempre assim.
Nisso não seria um dia diferente.”

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