Contos sem fim - Sumiço.
. (11/03/14)
“A viagem? Como foi a viagem?”, perguntou Ratão, dono do
boteco mais popular do vilarejo, com ar de cumplicidade.
“Sempre um tiro no escuro”, respondeu Geraldinho, o contador
de histórias local, gesticulando, ondulando as mãos, como se surfasse.
“Juntamo-nos ao pessoal que usufruiu das vigas da Perinatal
e saímos perambulando por aí, a esmo. Sem latifúndio”.
“Nós vimos quando você entrou na nave - hahaha... disfarçada
de Fiat 147, hahaha – e foi em direção à Serra do Encantamento. Fomos atrás,
mas você tinha sumido no nevoeiro.
“Pronto! Abduzido mais uma vez!
“Só restava aguardar”.
“Pois é. Apesar de aparentar muito tempo foi um desidério
rapidinho”.
“Quando soubemos do sumiço do avião da Mala Airlines, sem
deixar rastros, papuf no ar, ligamos logo a sua ida pra serra. Aí tem dedo do
Geraldinho”.
Enquanto sorria baixinho, com a mão na boca pra disfarçar
seu bafo de onça, olhava pro céu como se procurasse por alguma coisa muito
longe.
“Logo, logo, vão arrumar explicações pra essa desdita
aeronáutica, Ratão. Mas nós sabemos o que realmente aconteceu. Mais uma
brincadeira sem graça dessa turma de cafajestes”.
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